No final de um dia cansativo, para arejar a casa que à 10 dias não via ninguém, quando ainda era dia a janela foi aberta. Logo, os pernilongos não deram trégua e começaram a invadir seu espaço. Então, todas as janelas, novamente precisavam ser fechadas. Uma a uma, desde a sala, ao quarto maior até o menor, onde ela parou: o sol se punha naquele momento, e um dos crepúsculos mais lindos daquele lugar, pedia a atenção que merecia... ela parou, observou, pensou, fotografou...
Com a câmera na mão, pode perceber que algo a mais podia ser registrado! A parede que cercava o condomínio, os garotos que como em todo final de tarde jogavam aquele futebol de moleque, os carros entrando e saindo, apressados e de maneira lenta, as luzes se acendendo em outros blocos, e depois se apagando, o porteiro que trocava de turno, as plantas e até mesmo a fita que cercava seu bloco, como se fosse algo que precisasse ser isolado.
Começou não apenas fotografar, mas analisar o modo de vida das pessoas... ouvia a mulher embalando a criança que chorava, sentia o cheiro da janta pronta, ouvia portas e janelas se fechando além de saltos subindo pela escada!
Os meninos, não faziam ouvir o barulho da bola batendo na trave construída no campinho, mas sim as risadas e conversas que jogavam fora sentados no murinho... Até o pernilongo se fazia ouvir.
A TV ligada pra ninguém na sala, era ignorada, a mala por desfazer, e diversas folhas que ficaram no chão depois de muito estudar pra um trabalho frustrante...
Ela queria fotografar mais, tudo aquilo começou ser visto como cotidiano, e até mesmo pensava em sair pra registrar as pessoas em seu condomínio, desde os pés de romã abaixo de sua janela, até a o orelhão de frente ao último bloco, mas para isso, já sabia que precisava de uma companhia que jamais pode lhe faltar nestas suas aventuras!
Continuava observando e via a lua lhe olhando e convidando pra que ela jamais saísse daquela janela, além da única estrela forte e brilhante que havia no céu resistindo a camada de poeira que subia e lá permanecia por causa da seca enfrentada... Essa estrela, sempre foi especial pra ela... dizia que era “de nós dois”.
Imediatamente sua criatividade começou a surgir e aqueles chatos insetinhos de asas, passar pro lado de dentro da janela! Então, era melhor recolher seus pensamentos que voavam como borboletas ao sair do casulo!
Num momento de concentração, quando os pensamentos viravam palavras que compunham uma trama, como a de um tecido, o celular tocou... Um número até então diferente tocou, e ao ouvir a voz ela teve a certeza de que trocas de pensamentos existem, que a amizade, por mais que difícil, permanecia, e que tantos assuntos pra contar e fofoquinhas pra fazer, não poderiam acontecer em apenas 10 minutos... Porém, era esse o tempo disposto, mas, foram os melhores do dia!
E assim, aquele amanhecer que começou cedo pra ela, que foi complicado nas responsabilidades, e cheio de informações, terminou de uma maneira que a tempos não terminava: com um sorriso estampado, uma amizade cultivada, um português praticado e uma mente sonhadora...
Fico feliz que tenha voltado a escrever, gosto muito do que vc escreve...te amo filha minha!!!
ResponderExcluirbeijos
As vírgulas que você faz proveito, são tão interessantes quanto o seu texto. Pegarei minha bombinha de asma, pegue a sua de inteligência.
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